domingo, 6 de setembro de 2015


Requisitos para ser Super-Herói no Brasil

Por: Ríldson Gusmão

Ouso-me mais uma vez em penetrar no rico mundo das palavras para escrever esta pequena crônica. 

É claro e evidente que o assunto do tema citado acima foi de grande repercussão na mídia brasileira, seja ela impressa, televisiva ou digital mesmo. Só que não. O herói da semana não preenche os requisitos impostos naturalmente por nossa sociedade tupiniquim. 

O fato ocorreu na Praça da Sé, no marco zero de São Paulo. Um assaltante abordou e fez refém, com uma arma, uma jovem de apenas 25 anos. Surge então um morador de rua - leia-se um anônimo, alguém que não tem nome, vida ou serventia para nossa cruel sociedade - que interfere no desfecho já previsível como mais uma trágica ação da polícia brasileira. Então, essa intervenção e mudança no enredo do fato ocorrido no final da tarde sugere um novo herói. Pena que para ser herói no Brasil, não é tão simples assim. Vamos então para as premissas. 

Sim, no Brasil vale uma análise prévia no currículo. Portanto, o anônimo morador de rua, que não é anônimo, pois tem nome: Francisco Erasmo Rodrigues de Lima, 61 anos, morar de rua, pai de quatro filhos e tem história de vida, NÃO É UM SUPER-HERÓI.

O Sr. Francisco podia ser herói, mas não era cantor sertanejo, com uns dois ou três anos de carreira, isso mesmo, não precisa ser muito, três anos já basta para ser herói nacional.

O Sr. Francisco podia ser herói, mas já que não era cantor sertanejo, podia ser cantor de rock, com um skate embaixo do braço e porque não, cheirar um pó de vez em sempre.

O Sr. Francisco podia ser herói, mas não tinha um corpo e um rostinho bonito para fazer parte de um Reality Show.

O Sr. Francisco podia ser herói, mas não cantava funk ostentação, com letras depravadas e que denigrem a imagem da mulher, por exemplo. 

O Sr. Francisco podia ser herói, mas como, não tinha casa, profissão, morava na rua, não era um "cidadão" que a sociedade imagina como correta.

O Sr. Francisco podia ser herói, mas nunca apareceu na tv, rádio, nunca fez um vídeo viral com milhões de visualizações, nunca participou de programas sensacionalistas, nada.

É Sr. Francisco, eu até pensei em mudar a foto do perfil do facebook, e por uma preta, e escrever: #Luto, mas infelizmente, na nossa sociedade brasileira, o Sr. NÃO É UM SUPER-HERÓI. 

Espero que, como pessoa comum, o Sr. Descanse em paz e que Deus conforte o coração de seus filhos, sua única FAMÍLIA.

sem mais. 















   

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