domingo, 14 de fevereiro de 2016


Fracassei

Por: Rildson Gusmão.

No começo tudo é diferente, é novo e parece estranho. Mas é um estranho bom, uma nova descoberta. O encantamento logo surge e a cada nova descoberta uma alegria. O simples fato de pensar já faz o cérebro em fração de segundos enviar um recado para a boca, e por instinto e sem controle algum, um sorriso se abre. O coração palpita, acelera com a expetativa da proximidade ou do simples fato de imaginar. Expectativas se criam e um mundo novo e imaginário surge. Não temos mais controle. Volta e meia entramos novamente nesse mundo imaginário, onde tudo acontece perfeitamente.
O tempo passa. As novas descobertas deixam de ser só perfeição. Somos humanos, falhamos. Todas as coisas boas que fizemos são esquecidas ou não valem mais por causa de uma falha. Erramos. A imagem criada no primeiro momento se desfaz. Uma nova surge. Parece que estamos diante de outra pessoa. Não enxergamos mais as qualidades. Agora só existem defeitos.
Num terceiro e último estágio de tempo, tudo se equaliza. A fase inicial de encantamento foi vivida. A segunda de realidade, defeitos e não mais virtudes foi digerida. Entramos na fase onde tudo de bom e ruim já passou, dos prazeres e das brigas já superados. Na fase onde confiar e desconfiar já não faz diferença. É ao mesmo tempo olhar e ver o quanto se viveu.
Tudo de bom já passou. E o que resta agora? Porque foi tão rápido. E o sentimento que brota é o do fracasso. Onde está o erro. O fracasso é tão ruim que ele não vem só. Ele carrega todas as falhas que tivemos durante uma vida. Ele armazena tudo que fizemos de errado durante a vida e sem dó nem piedade despeja de uma vez sobre você. O fardo é pesado. Onde fracassamos?
Perguntas sem respostas, incógnitas. O erro pode está em mim, mas pode está em você também. Ninguém sabe.
De certo amanhã o sol nasce e junto com ele um mundo de oportunidades. Quem sabe agora a continuidade possa ser um sucesso. Por hora, eu fracassei.

quinta-feira, 10 de setembro de 2015


A ARTE DA CONVIVÊNCIA

Por: Ríldson Gusmão

Certa vez um poeta disse: mais fácil lidar com animais do que com gente. Entretanto, me pergunto até hoje: e também não somos animais? de fato somos, porém o que nos diferencia dos demais é o fato de sermos racionais. 

O que faz acender a luz de alerta é que por vezes somos mais irracionais que os animais, que mesmo com todas as diferenças, convivem bem em seu habitat.

Então continuei a pensar com meus botões para tentar entender o quão difícil é esta arte, já que somos obrigados, querendo ou não, a conviver com o próximo, ou então o conceito de sociedade cairia por terra e nossa raça já teria sido extinta milhares de anos atrás. 

Garanto uma coisa: não é fácil. Chego quase a ter certeza que ninguém, mas ninguém mesmo domina esta arte por completo. Me atrevo a dizer que poucos dominam substancialmente e sua grande maioria apenas tolera, pois de certa forma, os grupos sociais vão desde o primeiro, o familiar, até os que escolhemos, como o do trabalho. 

E nas esquinas da vida, já ouvi muito o dito: cada cabeça um mundo. Então, como conviver num mundo com tantos mundos distintos? Talvez uma das respostas seja a tolerância. Mas quem tolera, tolera até que ponto? não será infinita sua tolerância quando a discordância existir no mundo fático.
Quem sabe então seja a paciência. É, a paciência é uma boa resposta para convivência em sociedade e principalmente para que as relações, seja ela matrimonial, fraterna ou de amizade perdure por longos anos. Mas então a paciência é infinita? pois é, também não. Sendo assim, esse "não" pode por em risco a relação de convivência. 

O que nos resta, para que esta arte da convivência seja então posta em prática, é o amor.

Só o amor pode tolerar, mesmo sabendo da discordância, ou até que você esteja certo, mesmo assim, você abre mão, deixa passar, fica quieto.

Só o amor pode ter paciência, mesmo quando você parece já está no limite, onde a única vontade é mandar o outro para aquele lugar, ainda assim, você tem a paciência de esperar, de calar, de uma outra forma tentar mostrar o outro lado da moeda. 

E que amor é esse? é o amor próprio, que busca sempre pela paz e pela boa convivência. É o amor ao próximo, que você conhece e confia. É o amor que já está impregnado na alma, assim como um perfume francês fica na roupa. Só com muito amor as relações de convivências de trabalho, fraternais e de amizades podem perdurar e vencer a barreira do tempo. 

E se um dia nem isso for capaz de nutrir a boa relação de convivência, talvez o amor tenha acabado. Se isso acontecer, o melhor é por fim e ir amar o próximo. 


















domingo, 6 de setembro de 2015


Requisitos para ser Super-Herói no Brasil

Por: Ríldson Gusmão

Ouso-me mais uma vez em penetrar no rico mundo das palavras para escrever esta pequena crônica. 

É claro e evidente que o assunto do tema citado acima foi de grande repercussão na mídia brasileira, seja ela impressa, televisiva ou digital mesmo. Só que não. O herói da semana não preenche os requisitos impostos naturalmente por nossa sociedade tupiniquim. 

O fato ocorreu na Praça da Sé, no marco zero de São Paulo. Um assaltante abordou e fez refém, com uma arma, uma jovem de apenas 25 anos. Surge então um morador de rua - leia-se um anônimo, alguém que não tem nome, vida ou serventia para nossa cruel sociedade - que interfere no desfecho já previsível como mais uma trágica ação da polícia brasileira. Então, essa intervenção e mudança no enredo do fato ocorrido no final da tarde sugere um novo herói. Pena que para ser herói no Brasil, não é tão simples assim. Vamos então para as premissas. 

Sim, no Brasil vale uma análise prévia no currículo. Portanto, o anônimo morador de rua, que não é anônimo, pois tem nome: Francisco Erasmo Rodrigues de Lima, 61 anos, morar de rua, pai de quatro filhos e tem história de vida, NÃO É UM SUPER-HERÓI.

O Sr. Francisco podia ser herói, mas não era cantor sertanejo, com uns dois ou três anos de carreira, isso mesmo, não precisa ser muito, três anos já basta para ser herói nacional.

O Sr. Francisco podia ser herói, mas já que não era cantor sertanejo, podia ser cantor de rock, com um skate embaixo do braço e porque não, cheirar um pó de vez em sempre.

O Sr. Francisco podia ser herói, mas não tinha um corpo e um rostinho bonito para fazer parte de um Reality Show.

O Sr. Francisco podia ser herói, mas não cantava funk ostentação, com letras depravadas e que denigrem a imagem da mulher, por exemplo. 

O Sr. Francisco podia ser herói, mas como, não tinha casa, profissão, morava na rua, não era um "cidadão" que a sociedade imagina como correta.

O Sr. Francisco podia ser herói, mas nunca apareceu na tv, rádio, nunca fez um vídeo viral com milhões de visualizações, nunca participou de programas sensacionalistas, nada.

É Sr. Francisco, eu até pensei em mudar a foto do perfil do facebook, e por uma preta, e escrever: #Luto, mas infelizmente, na nossa sociedade brasileira, o Sr. NÃO É UM SUPER-HERÓI. 

Espero que, como pessoa comum, o Sr. Descanse em paz e que Deus conforte o coração de seus filhos, sua única FAMÍLIA.

sem mais. 















   

sexta-feira, 17 de julho de 2015

Barreiras do amor

Por: Rildson Gusmão.

Uma palavra forte com um único significado. Por vezes, com vários, por que não? O amor que já foi vivido, já foi sentido, imaginado. O amor que já foi cantado, foi parafraseado, poetizado. O amor que aproxima, que distancia, que atrai e que repele. Ahh o amor, que causa risos involuntários, arrepios na alma, que faz sentir saudades de quem está perto ou aproxima quem está longe. Como é infinito esse sentimento que pode ser efêmero.

Como não falar da pluralidade do amor, ou melhor, dos amores. O amor fraterno, involuntário, o amor verdadeiro, com compaixão. O amor deve ser escrito, falado, sentido, mas só será completo quando for vivido. O amor não causa dor, a falta dele sim. A falta de coragem de expressar o que se sente por medo, por vergonha, timidez, por um motivo qualquer. O coração padece aquilo que o cérebro processa. 

A dor do amor que sempre se revela e se faz presente. É como se não pudessem viver separadas, o amor e a dor. Uma não vive sem a outra. A nossa luta é para que sempre o amor prevaleça. Mas como não sentir dor, dor de amor, quando o que queremos está tão perto, por vezes ao lado, e ainda assim não se revela, quando se ama sozinho. Quantos amores estão aí, perdidos, presos, ou solto no ar, apesar de ter um só dono. Como se faz para revelar, compartilhar, dividir aquilo que se pode multiplicar. Há amores singulares e que por motivos alheios nunca serão divididos. Será esse amor incompleto? Não há resposta para o amor e suas milhares de formas e vertentes. 

O amor tem gosto, tem cheiro, tem sabor. Tem vertentes que são particulares, que só quem ama pode sentir. O amor tem cor, tem detalhe, tem formas que para tantos são imperceptíveis, mas para quem sente é o mais perfeito de todos. 

Que bom seria se não existisse barreiras, que fosse incolor, assim como a água, mas jamais invisível. Que bom seria se todos pudessem ver, sentir e viver cada um deles sem se preocupar com nada. Que bom seria se todos fossem correspondidos e assim alcançasse seu ápice, seu apogeu. Que bom seria...

Enquanto isso seguimos com nossos amores, sejam eles correspondidos ou não, vividos ou não, divididos ou não, ou mesmo no momento de dor, mas na certeza que vale muito senti-lo, por um instante ou por uma vida inteira, nos fazendo rir e sentir-se bem. 

Em suma, fale, mesmo que ninguém ouça: EU TE AMO. 





sexta-feira, 6 de fevereiro de 2015

Medidas Sociais


Com base na historicidade do crime organizado no Brasil, podemos tirar algumas conclusões na formação ou associação dessas organizações criminosas que atua e leva medo para a população de forma geral.

Comando Vermelho, Terceiro Comando, PCC e outros, só cresceram e se organizaram porque as cabeças pensantes acharam um terreno fértil para implementar suas ideias, visando sempre o lucro e o poder, nas áreas onde o Estado não chega. Suas atividades prosperaram e tiveram um rápido crescimento, graças as adesões daqueles que, por inexistência da atuação do Estado em diversos aspectos, como educação, cultura, lazer, viram a oportunidade de barganhar riqueza, de forma rápida, mesmo que ilícita e perigosa. O risco valia a pena para quem não tinha opção.

Sendo assim, com a perda parcial do controle, por parte do Estado, para estas organizações, com diversos fins, medidas tiveram que ser tomadas para manter o controle social, seja de uma comunidade, região ou país.

Novas leis, ou leis mais severas. Atuação maior das polícias dentro dessas comunidades, onde o índice de criminalidade é muito alto, tem sido algumas das ações do Estado, na difícil tarefa contra o crime, seja ele organizado ou não.

Porém, defendo e bato muito na tecla do problema social, como agravante e que leva a criação e surgimento das organizações criminosas, bandos, quadrilhas, etc.

Portanto, não basta, a exemplo das UPP’s nas comunidades cariocas, sua intervenção e dominação daquele território dominado pelo tráfico. É sabido de todos que lugares em que o Estado não atua, muitas famílias, para não dizer a maioria, dependem de forma direta ou indireta, do dinheiro que circula na comunidade, mesmo que ele seja ilícito. Assim sendo, a dominação da área pela polícia, consequentemente leva também um problema social para aquelas pessoas daquela região ou comunidade específica.

A atuação policial de domínio territorial, com a implantação, a exemplo das UPP’s nas comunidades cariocas, só terá um efeito positivo e concreto, mesmo que a longo prazo, se o Estado atuar naquela região como um todo, não só com a força policial, mas social e que seja atuante nos campos da educação, saúde, lazer, etc.

Em suma, a implementação de medidas sociais, talvez só dê resultados a longo prazo, porem não podemos passar a vida toda tentando remediar ou com medidas pontuais, pois resolve apenas momentaneamente o problema.